terça-feira, 24 de maio de 2011

Hoje fui arrumar meus livros na estante nova, tava uma confusão, até que um deles caiu no chão e ficou lá aberto, meio amassado. Quando fui pega-lo me dei conta de que livro se tratava, "Uivo e outros poemas" do Allen Ginsberg. Um gênio! Mas o que mais mexeu comigo foi o poema da página 63, foi nessa que ele abriu na hora que encontrou o chão, um poema que eu já tinha lido algumas vezes, "Canção".
Bem no dia do aniversário do judeu Dylan, cai quase do céu um poema do Ginsberg, poema que encaixou muito bem pra mim, pelo menos pra mim do dia de hoje!

Canção



O peso do mundo 
é o amor. 
Sob o fardo 
da solidão, 
sob o fardo 
da insatisfação 


o peso 
o peso que carregamos 
é o amor. 


Quem poderia negá-lo? 
Em sonhos 
nos toca 
o corpo, 
em pensamentos 
constrói 
um milagre, 
na imaginação 
aflige-se 
até tornar-se 
humano - 


sai para fora do coração 
ardendo de pureza - 


pois o fardo da vida 
é o amor, 


mas nós carregamos o peso 
cansados 
e assim temos que descansar 
nos braços do amor 
finalmente 
temos que descansar nos braços 
do amor. 


Nenhum descanso 
sem amor, 
nenhum sono 
sem sonhos 
de amor - 
quer esteja eu louco ou frio, 
obcecado por anjos 
ou por máquinas, 
o último desejo 
é o amor 
- não pode ser amargo 
não pode ser negado 
não pode ser contigo 
quando negado: 


o peso é demasiado 
- deve dar-se 
sem nada de volta 
assim como o pensamento 
é dado 
na solidão 
em toda a excelência 
do seu excesso. 


Os corpos quentes 
brilham juntos 
na escuridão, 
a mão se move 
para o centro 
da carne, 
a pele treme 
na felicidade 
e a alma sobe 
feliz até o olho - 


sim, sim, 
é isso que 
eu queria, 
eu sempre quis, 
eu sempre quis 
voltar 
ao corpo 
em que nasci.



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