segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quinquilharias empoeiradas

Quinquilharias empoeiradas

Tá chegando o dia da mudança, nem sei por onde vou começar. São tantas coisas jogadas em tantos cantos, cada vez que minha mãe me encarregava de dar fim na bagunça do meu quarto, todo cantinho era lugar para enfiar a bagunça. Agora vou ter que pagar o preço pela preguiça, começar 2010 organizando a casa, puxando toda a quinquilharia pra fora, tirando o que eu não quero mais, juntando os livros antigos, papéis já inúteis, cadernos do ensino médio ( e fundamental, se duvidar). Tudo pra dentro de um saco de lixo.
Chegou o dia dessas quinquilharias que eu guardo por preguiça de por fora, nunca penso que um dia elas vão ter que ser mexidas, trocadas de lugar para dar espaço pra novas coisas. Que serão socadas em algum canto e esquecidas, pelo menos até a próxima mudança ou surto da mãe. As quinquilharias que não são da alma, nem do coração, as palpáveis e que se acumulam de um jeito que fica impossível disfarçar, não ver que estão ali. Caindo de uma gaveta, uma prateleira ou atrás daquela porta que está proibida de ser aberta, pelo menos até o dia que tudo vier pro chão. O que fazer com elas eu não sei, talvez seja mais fácil de descobrir do que as que as que estão escondidas, sem que possam ser tocadas. Mas dessas já falei aqui.
Disso tudo uma coisa é certa, vai rolar muito anti-alérgico, lenço de papel, espirros e poeira, muita poeira. Os ácaros vão fazer a festa, meu nariz vai ficar uma loucura e minha mãe vai me olhar e dizer “bem feito!”. Posso imaginar a cena.
O negócio agora é por tudo pro chão, encarar a poeira e dar uma geral nas quinquilharias, todas empoeiradas!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A importância dada aos cuidados com a saúde é algo milenar. Desde o princípio da civilização, pessoas se destacavam nas tribos ou nas comunidades como curadores, aqueles que entendiam de doenças e eram, portanto, responsáveis pela reestruturação da saúde. No Brasil a prática da medicina, em si, data de 1829, no entanto a regulamentação do exercício dela não é alterada desde 1931. Agora, entra em cena o Ato Médico, projeto de lei nº. 7.703/06 que visa à regulamentação da profissão do médico a exemplo de outros países que já a tiveram. Porém, este projeto de lei gerou polêmica desde que foi apresentado na câmara dos deputados, em Brasília, pois este estabelece procedimentos que passarão a ser exclusivos dos médicos, acabando assim com a idéia de multidisciplinaridade e interferindo em ações específicas da formação nas diversas áreas da saúde.
O PL dá exclusividade de formulação do diagnóstico e respectiva prescrição terapêutica, além de determinação do prognóstico relativo ao diagnóstico, ao médico. Isto é, o médico adquire total autonomia para examinar o paciente e encaminhá-lo para algum tratamento segundo o seu próprio diagnóstico. Antes de o paciente procurar um especialista, por exemplo um nutricionista ou psicólogo, ele procurará um médico que vai estabelecer como o outro profissional deverá atuar em sua própria área do conhecimento.
O Ato Médico contraria a própria realidade da atual medicina, que é fragmentada por especialidades, onde as práticas de saúde estão divididas em diversas subáreas, como por exemplo, cardiologia, pneumologia, ortopedia. Na própria medicina existe certa “multidisciplinaridade”, o que torna o PL totalmente abusivo em relação à diversidade de profissões da área da saúde.
Frente a isso, diversos profissionais da área da saúde, área que envolve o exercício de muitas outras profissões além da medicina, questionam esse projeto. Se aprovado pelo Senado, o PL virará lei, dando assim uma autonomia que comprova o corporativismo e a desqualificação de profissões reconhecidas há anos e que exigem especializações, especificidades que vão além das matérias estudadas na medicina. O Diretório Acadêmico América Latina Livre, representante dos acadêmicos de Psicologia da UPF, está preocupado com o futuro não só desses futuros profissionais que representa, mas de todos aqueles que escolheram uma profissão que exige um olhar cuidador sobre o outro. Mantem parceria e contato direto com as entidades de classe, como o CRP/07 e o Sindicato dos Psicólogos do Rio Grande do Sul, para colaborar nas ações que tomaremos daqui para frente contra a aprovação do texto desse PL.
Dizer não ao Ato Médico é uma maneira de defender não só os profissionais da saúde, mas também a população, que será atingida diretamente por esta lei, pois é para ela que todos esses profissionais atuam, buscando a melhoria de seus serviços e acesso irrestrito a todas as áreas de atuação dos profissionais da saúde. Sobretudo, dizer não ao Ato Médico é também defender que haja uma nova regulamentação para a categoria dos médicos sem que para isso as ações científicas e técnicas das demais profissões sejam desconsideradas. Estar contra este projeto de lei é também assegurar aos cidadãos brasileiros o bem-estar e a não hierarquização de profissões, que deveriam estar trabalhando unidas pela população, não interferindo de forma invasiva e direta no fazer do outro, tirando assim toda a autonomia dos demais profissionais da saúde.

Ana Ferraz

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Quinquilharias do tipo A... tchim :D

Quinquilharias do tipo A

Só de pensar que A é a primeira letra do alfabeto já acho que meus pais não quiseram ir muito longe na criatividade para nomear seus filhos, mas a letra “A” hoje aterroriza muita gente por aqui. Acho que em todos os lugares onde a gente encontra, no mínimo, duas pessoas conversando, pode saber que o assunto foi, está sendo ou vai ser a tal gripe. É incrível, o medo que as pessoas têm dessas coisas de epidemia, pandemia, caralho a quatro – opa esse muita gente adooora, mas não quero falar sobre isso-, essas loucuras que eu achava que só aconteciam nos Estados Unidos ou como diz uma amiga minha, “coisas que só acontecem na Finlândia”. Só que dessa vez ta acontecendo na capital do planalto médio, que também já foi chamada de capital da literatura, mas que recentemente tão dizendo por aí que é a capital da gripe suína.
Tá mas seguindo a lógica do blog eu deveria estar falando de alguma quinquilharia, não é?
Na verdade eu estou pensando em quinquilharias, nas muitas quinquilharias que serão o resultado dessa história toda. Nas muitas pessoas que estão nos leitos, nos corredores, nos bancos dos hospitais, morrendo de frio, de medo e de dor. Como será que elas estão cuidando de suas quinquilharias ou será que já perceberam que muitas estão sendo tratadas como quinquilharias?
É a antiga história dos hospitais lotados, do deficitário sistema publico de saúde e blábláblá. Dessa vez a história é mias complexa, a tal gripe não escolhe quem “pegar” ela simplesmente vai atacando por aí, não quer dizer que todo mundo que espirre esteja com gripe suína. Isso eu posso dizer que é muito difícil de explicar. Porque hoje se tu espirrar numa parada de ônibus o pessoal já se afasta de ti, te manda por uma máscara e sair de perto, foi incrível ver a reação de algumas pessoas quando eu mesma resolvi espirrar enquanto esperava um ônibus no centro da cidade.
Outras quinquilharias produzidas pela gripe são a quantidade de potinhos de álcool gel que estão sendo jogadas no lixo, aonde vão parar tantas embalagens plásticas, não vai ter espaço suficiente pra por o lixo que essa gripe ta gerando. Só de máscaras, que muitas vezes são desnecessárias, o lixão já ta cheio, pensa em mais os potinhos de álcool, as embalagens de vitamina C e na quantidade de suco de laranja de caixinha que esse pessoal tá consumindo.
A tal gripe A está tomando conta, não só dos pulmões dos passofundenses, mas de toda a vida do planalto médio, as aulas adiadas, formaturas canceladas, pessoas amedrontadas, represálias por um simples espirro sem querer. O medo vai além dos casos confirmados de morte, do alerta para não aglomerar pessoas, que, aliás, acabou com a felicidade de estar em férias, já que não podemos mais contar com os bares e cinemas. Na verdade maior do que o medo que tenho da gripe suína é o medo de sem querer espirrar de novo na rua, ser mandada para um corredor de hospital, virar assunto do dia, aparecer toda despenteada no jornal e acabar pegando de verdade a tal da gripe A. Eu dizia pro pessoal não se aterrorizar, mas já estou mudando de idéia, aterrorizem-se sim, mas não como a gripe, mas com as muitas quinquilharias que ela ta deixando de herança.


Ana Ferraz

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Quinquilharias do coração

Acreditem, todas as coisas que me rodeiam nesse momento falam de amor. Por exemplo: estou escutando "All you need is Love" dos Beatles, vi pela segunda vez "Vicky Cristina Barcelona", que tem como definição na capa, "A vida é a mais suprema obra de arte", assim como todo filme do Woody Allen, o tema é amor. Para terminar o clima amor, um amigo meu me mostrou um texto que ele fez que fala sobre o amor, por isso decidi escrever aqui para falar sobre o amor, não que eu tenha muita experiência nessa área, quem me conhece sabe que realmente EU NÃO TENHO, mas me deu vontade de falar sobre isso.
Para quem não assistiu ao filme vai a dica. Realmente eu gosto do jeito como o Woody Allen mostra as coisas, neurótico que só ele, mas com uma sensibilidade que nos faz pensar sobre o tema, claro que não falta o seu elemento principal que é o humor. Talvez eu não entenda nada o que ele queira dizer, mas acredito que consigo tirar muitas coisas do que ele quer mostrar principalmente nos filmes. Esse em particular bota frente a frente dois tipos de mulheres, uma super realista que entra em crise por causa do seu jeito "certinho" e outra totalmente entregue a paixão, do tipo que "se joga".
Como já falei não sou muito boa para essas coisas de amor, por isso essas personagens me chamaram a atenção, acredito que no momento sou um misto de Vicky e Cristina, se bobear com uma pitadinha da louca Maria Helena (preciso fazer uma observação, a Penélope Cruz é o máximo!!). Acho que muita gente se identifica de cara com uma das duas amigas ou como eu com um pouco de cada, talvez por envolver artistas e personagens tão reais ele usou aquela frase, acredito que a vida é arte, já falei em outras oportunidades que pra mim viver é uma arte, não me referindo ao clichê, tá talvez isso seja mesmo clichê, mas acredito sim que viver seja uma forma de arte, porque toda arte tenta expressar coisas da vida, momentos, pessoas, imagens, sem contar que é feita por pessoas e elas estão vivas :P
Ah bom, nem sei mais o porquê de tudo isso, mas só sei que os quatro amiguinhos do cabelo de penico estão certos, todos nós precisamos de amor, seja ele louco como o de Maria Helena, pé no chão como de vicky, apaixonado como o de Cristina, neurótico como de woody Allen ou simplesmente do jeito que você quiser amar.
Para terminar deixo o final da peça do meu amigo, que ele retirou de um livro do Roberto Freire, me identifiquei com essa parte, acredito que a liberdade seja o primeiro passo pra um amor dar certo!

“A grande decepção dos amantes que buscam a felicidade através do amor é produzida pela sua incapacidade em aceitar que, como todas as coisas vivas, o amor também tem um começo, um meio e um fim. Nem seu tempo, nem seu espaço e nem a sua alegria podem ser determinados e controlados por razão da vontade e pela força de poder. Assim, às vezes somos obrigados a perder um amor precocemente, ou a ter de suportá-lo desnaturado, moribundo ou mesmo morto. Só a liberdade e a autonomia nos ensinam a aceitar biológica e humanamente o tempo, o espaço e a alegria das coisas vivas.”


"Mais uma quinquilharia nada psicodélica, guarde ou jogue fora, você escolhe!"

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Quinquilharias psicológicas


Blog novo, não sei ainda bem ao certo porque criei esse blog, mas tenho certeza que quero usa-lo para publicações diferentes do outro que vai continuar sendo atualizado.



Quinquilharias a gente encontra em todos os lugares, impossível não ver muitas coisas jogadas porai sem uso. Tem gente que adora guardar milhões de objetos, colocam em todos os cantos possíveis. Eu particularmente não curto muito essa história de ficar lotando as prateleiras, caixas, salas de coisas que já são inúteis, mas pior mesmo são as quinquilharias que a gente guarda dentro da gente.
As vezes é preciso limpar a casa, literalmente, mas também algumas limpezas internas fazem bem, talvez a nóia toda do Pessoa esteja ligada a isso. Querer ser alguém e ao mesmo tempo não ser nada, buscar conhecer-se, isso tem alguma associação com as quinquilharias da alma, pois é impossível a gente se conhecer por completo, somos seres mutávais e adaptáveis. Creio que nunca saberemos bem quem somos, mas jogar algumas quinquilharias fora é uma boa forma de tentar saber para onde vamos, qual é o nosso próximo rumo, mesmo que depois descubramos que fomos para o lado errado, como estamos lidando com as coisas a nossa volta, com as pessoas que nos rodeiam e principalmente o que temos acumulado num canto escuro que não temos coragem de por pra fora.
Li algumas palavras vindas de uma amiga minha sobre ser fechado, é interessante que a gente tenha intimidades que só nós podemos entender e saber, isso não impede que a faxina seja feita, que a gente mexa nas quinquilharias, nas nossas coisas, dores, amores, temores, idéias, esperanças que ficaram esquecidas, guardadas poraí.
Seja agora ou daqui muitos anos, mas é preciso um dia que todo o "cacaredo" seja revisado, talvez assim possamos nos descobrir ou nos confundir mais, talvez minhas palavras sejam apenas um monte de quinquilharias nada pasicológias, muito menos psicodélicas!


"(...)Chegado aqui, onde hoje estou, conheço
Que sou diverso no que informe estou.
No meu próprio caminho me atravesso
Não conheço quem fui no que hoje sou (...)"

Fernando Pessoa