quinta-feira, 18 de abril de 2013


sabe o que me incomoda nesses lugares?
é o fato das pessoas virem sempre aqui
em busca de passar um tempo
beber
encontrar
todas falam, sobre tudo
mas sempre fico com a sensação que ninguém realmente diz
ninguém fala, ninguém escuta, ninguém se olha
é o tremendo vazio da vida, sendo dividido com outras vidas
talvez pra dar sustentação
pra segurar o desespero
trocam-se cervejas, tomam-se ideias
mas ninguém realmente se toca

isso incomoda, isso passa
é uma liquidez fluida
não sei a que ponto quero ser liquida
mas que seja uma liquidez que preenche, que ocupa os espaços mais difícies, onde o concreto não consegue chegar
não uma liquidez que flui, passa, deixa um rastro fino que seca rápido
essa fluidez não me cabe mais
que eu consiga fluir menos
preencher mais
falar, tomar menos
olhar, tocar mais

quem sabe...

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Alento

"Quinquilharias, você guarda algumas outras você joga fora."
Quase que esse blog é jogado fora, como se fosse qualquer quinquilharia nem um pouco psicodélica, onde eu guardo partes intimas de mim que compartilho sem medir as consequências. Quem lê, será que alguém se presta a ler? Qual é o impacto dessas linhas nas pessoas que gastam um pouco do seu tempo lendo os meus devaneios tolos?
Eu perco alguns minutos relendo o que eu escrevi aqui nesses mais de dois anos que 'vomito" sentimentos, incertezas, angústias e belezas em forma de texto. Muitos desses escritos mal escritos, que servem muito mais como uma catarse insana do que eu não consigo guardar dentro de mim, coisas que vão surgindo na ponta dos dedos como se não tivessem a educação suficente pra pedir licensa pra sair.
Hoje relendo algumas coisas aqui expostas, eu consegui perceber que muito da confusão já passou, gerou certo alívio essa percepção. Afinal, foram meses insistindo nos mesmos temas, como se quisesse arrumar um jeito de voltar, refazer as coisas, mas como eu mesma já escrevi aqui: "você não chegará a lugar algum retornando sempre ao ponto de partida". Admito que a gente leva algum tempo para acreditar no que nós mesmos percebemos da vida, parece bem mais fácil dizer para os outros como as coisas são.
A questão hoje é mais reflexiva, como se fosse um recomeço no meio de um caminho sem volta. Meses sem conseguir escrever me trouxeram até o dia de hoje, onde apareci aqui na frente desse tela outrora em branco pra descarregar alguma coisa que ainda não sei ao certo o que é. Talvez seja o ponto de partida para um recomeço de idéias, de temas, de inspirações que me faltaram nos últimos meses.Quem sabe a partir de hoje eu volte ao velho estilo dos contos sem muito nexo ou às reflexões sociais que peremeiam minha vida em todas as áreas.
Que hoje seja o marco de uma volta, que não demore para a inspiração tosca voltar, que quem investe tempo compartilhando das quinquilharias nada psicodélicas possam me ajudar a refletir sobre qualquer coisa e de qualquer jeito.


Alento

Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do Tempo
e a minha voz à doce voz do vento.
Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera pelo que há de vir.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pra acabar com 2011




Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz.

Sem tirar o ar, sem se mexer, sem desejar como antes sempre quis.
Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser.
Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar.
Lembrará os dias que você deixou passar sem ver a luz.
Se chorar, chorar é vão porque os dias vão pra nunca mais.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e dançar.
Dançar na chuva quando a chuva vem.
Tem vez que as coisas pesam mais do que a gente acha que pode aguentar.
Nessa hora fique firme, pois tudo isso logo vai passar.
Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser.
Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e dançar.
Dançar na chuva quando a chuva vem.

Marcelo Jeneci

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Associação de livre querer...

Quero viagem, quero férias, quero afeto, quero abraço, quero amor, quero livros, quero alegria, quero cerveja, quero amigos, quero contato, quero perdão, quero grama, quero festa, quero sol, quero lua, quero vento, quero liberdade, quero carinho, quero compreensão, quero tolerância, quero respeito, quero violão, quero coca-cola, quero pizza, quero barraca, quero passarinhos, quero descomplicar, quero mar, quero música, quero piano, quero gritos, quero dormir, quero sonhos, quero carona, quero dinheiro, quero ação, quero sentido, quero toque, quero moletom, quero avós, quero leite com nescau, quero simplicidade, quero contato, quero pensamento, quero chico, quero emoções, quero sentir, quero ansiedade, quero saúde, quero samba, quero leveza, quero sinceridade, quero olhar, quero conhecimento, quero beijo, quero cachorro, quero entrelaço, quero pés descalços, quero deitar na grama, quero chimarrão, quero correr, quero barulho, quero amores, quero bem-querer, quero família, quero cinema, quero ser amada, quero vitórias, quero amar, quero tantas coisas que as vezes nem cabo em mim. o mundo é meu e quero buscar o meu lugar!

domingo, 11 de setembro de 2011

Sentimentos do mundo

Bateu uma insônia, uma ansiedade daquelas que vem do nada. Então resolvi ver o que eu achava de interessante  na internet. Na madrugada silenciosa, só os cachorros se manifestam de vez em quando. Então achei Drummond e passei horas lendo e relendo tudo que me tocava. Separei alguns pra por aqui, hoje vamos de Carlos Drummond de Andrade!

Sentimentos do mundo


" Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microcopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer

esse amanhecer
mais noite que a noite."





Mãos dadas


" Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes,
a vida presente."



Mundo Grande


"Nao, meu coração não é maior que o mundo.
Ê muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo.
Por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens.
as diferentes dores dos homens.
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que elo estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! vai’ inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos —— voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de invidíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar.
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
— Ó vida futura! nós te criaremos"

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

quase 20 minutos olhando pra essa tela em branco. foram os 20 min mais tranquilos desse dia que não teve uma folga pra ser alguma coisa que não fosse uma pessoa correndo atrás de coisas atrasadas, escutando pessoas reclamando, organizando e desorganizando idéias, sentindo raiva e vontade de jogar tudo pro ar.
esses minutos que fiquei olhando para tela em branco me fizeram pensar em muitas coisas que eu poderia escrever aqui, mas nenhuma delas tinha a capacidade necessária pra ser desenvolvida no decorrer do texto. tem dias que me sinto assim, com muitas coisas na cabeça, mas sem força pra desenvolve-las no decorrer dos dias.
já cansei de pensar sobre o que fazer com elas, realmente as vezes eu não sei o que fazer em dias como esse. sinto vontade de correr, sair de perto de todo mundo, chorar, resolver tudo de uma vez, fazer tudo que preciso... é muito louco como a gente tem dias que tudo parece nada, parece que tudo o que a gente precisa resolver é pra todos, menos pra gente. tem dias que a gente cansa um pouco de tudo.
de repente aparecem 20 minutos, já no finalzinho do dia, pra lembrar que amanhã tem mais dias pela frente!

domingo, 21 de agosto de 2011


“A grande decepção dos amantes que buscam a felicidade através do amor é produzida pela sua incapacidade em aceitar que, como todas as coisas vivas, o amor também tem um começo, um meio e um fim. Nem seu tempo, nem seu espaço e nem a sua alegria podem ser determinados e controlados por razão da vontade e pela força de poder. Assim, às vezes somos obrigados a perder um amor precocemente, ou a ter de suportá-lo desnaturado, moribundo ou mesmo morto. Só a liberdade e a autonomia nos ensinam a aceitar biológica e humanamente o tempo, o espaço e a alegria das coisas vivas.”