quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Associação de livre querer...

Quero viagem, quero férias, quero afeto, quero abraço, quero amor, quero livros, quero alegria, quero cerveja, quero amigos, quero contato, quero perdão, quero grama, quero festa, quero sol, quero lua, quero vento, quero liberdade, quero carinho, quero compreensão, quero tolerância, quero respeito, quero violão, quero coca-cola, quero pizza, quero barraca, quero passarinhos, quero descomplicar, quero mar, quero música, quero piano, quero gritos, quero dormir, quero sonhos, quero carona, quero dinheiro, quero ação, quero sentido, quero toque, quero moletom, quero avós, quero leite com nescau, quero simplicidade, quero contato, quero pensamento, quero chico, quero emoções, quero sentir, quero ansiedade, quero saúde, quero samba, quero leveza, quero sinceridade, quero olhar, quero conhecimento, quero beijo, quero cachorro, quero entrelaço, quero pés descalços, quero deitar na grama, quero chimarrão, quero correr, quero barulho, quero amores, quero bem-querer, quero família, quero cinema, quero ser amada, quero vitórias, quero amar, quero tantas coisas que as vezes nem cabo em mim. o mundo é meu e quero buscar o meu lugar!

domingo, 11 de setembro de 2011

Sentimentos do mundo

Bateu uma insônia, uma ansiedade daquelas que vem do nada. Então resolvi ver o que eu achava de interessante  na internet. Na madrugada silenciosa, só os cachorros se manifestam de vez em quando. Então achei Drummond e passei horas lendo e relendo tudo que me tocava. Separei alguns pra por aqui, hoje vamos de Carlos Drummond de Andrade!

Sentimentos do mundo


" Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microcopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer

esse amanhecer
mais noite que a noite."





Mãos dadas


" Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes,
a vida presente."



Mundo Grande


"Nao, meu coração não é maior que o mundo.
Ê muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo.
Por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens.
as diferentes dores dos homens.
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que elo estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! vai’ inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos —— voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de invidíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar.
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
— Ó vida futura! nós te criaremos"