sábado, 25 de fevereiro de 2012

Alento

"Quinquilharias, você guarda algumas outras você joga fora."
Quase que esse blog é jogado fora, como se fosse qualquer quinquilharia nem um pouco psicodélica, onde eu guardo partes intimas de mim que compartilho sem medir as consequências. Quem lê, será que alguém se presta a ler? Qual é o impacto dessas linhas nas pessoas que gastam um pouco do seu tempo lendo os meus devaneios tolos?
Eu perco alguns minutos relendo o que eu escrevi aqui nesses mais de dois anos que 'vomito" sentimentos, incertezas, angústias e belezas em forma de texto. Muitos desses escritos mal escritos, que servem muito mais como uma catarse insana do que eu não consigo guardar dentro de mim, coisas que vão surgindo na ponta dos dedos como se não tivessem a educação suficente pra pedir licensa pra sair.
Hoje relendo algumas coisas aqui expostas, eu consegui perceber que muito da confusão já passou, gerou certo alívio essa percepção. Afinal, foram meses insistindo nos mesmos temas, como se quisesse arrumar um jeito de voltar, refazer as coisas, mas como eu mesma já escrevi aqui: "você não chegará a lugar algum retornando sempre ao ponto de partida". Admito que a gente leva algum tempo para acreditar no que nós mesmos percebemos da vida, parece bem mais fácil dizer para os outros como as coisas são.
A questão hoje é mais reflexiva, como se fosse um recomeço no meio de um caminho sem volta. Meses sem conseguir escrever me trouxeram até o dia de hoje, onde apareci aqui na frente desse tela outrora em branco pra descarregar alguma coisa que ainda não sei ao certo o que é. Talvez seja o ponto de partida para um recomeço de idéias, de temas, de inspirações que me faltaram nos últimos meses.Quem sabe a partir de hoje eu volte ao velho estilo dos contos sem muito nexo ou às reflexões sociais que peremeiam minha vida em todas as áreas.
Que hoje seja o marco de uma volta, que não demore para a inspiração tosca voltar, que quem investe tempo compartilhando das quinquilharias nada psicodélicas possam me ajudar a refletir sobre qualquer coisa e de qualquer jeito.


Alento

Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do Tempo
e a minha voz à doce voz do vento.
Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera pelo que há de vir.