sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quinquilharias existencialistas!

Acabo de levar um susto da vida!
Hoje é sexta-feira, as pessoas saíram de casa, metade dos meus amigos estão arrumando mala ou pensando em show do Paul, outros estão na aula ou fazendo alguma coisa significativa nas suas vidas, menos eu. Tá e qual é a do susto???
Eu sempre fui a rainha da ociosidade, fazer nada é o que eu fazia de melhor. Agora que eu estou aqui em um momento onde eu não tenho nada pra fazer e não preciso fazer nada eu começo a pirar que eu preciso fazer alguma coisa. Sim, eu acho que eu estou finalmente virando mocinha, mas essa angústia de não fazer nada me incomoda. Talvez eu tenha me acostumado a sempre fazer alguma coisa, mesmo que não fosse produtiva ou significativa, pensar em não fazer nada nunca tinha me incomodado antes, acho que eu me rendi aos tempos modernos. Tempos onde só vale alguma coisa quem produz, as pessoas perderam a essência do não fazer nada, ócio virou mesmo sinônimo de vadiagem, porque todo vadio é aquele que não produz, produção é sinônimo de dinheiro e tudo vira um ciclo de faz, ganha, existe!
Será que hoje não precisa mais pensar pra logo existir ou simplesmente existir e pensar não servem mais na mesma frase?
Quando Descartes concluiu que ele existia apenas pelo fato de pensar, partiu do princípio que duvidar o fazia pensar, por isso ele existia. Será que hoje ainda podemos afirmar que a nossa existência é provada através da nossa dúvida ou é preciso pensar demais pra duvidar das coisas. Afinal, vamos duvidar do que, as coisas estão todas aí, tudo o que precisamos saber está no Google e a televisão nos permite assistir diversas coisas ao mesmo tempo. Duvidar pra que, pensar pra que, pensar é perder tempo, quem duvida perde tempo de produção, entra em um campo que não é permitido, foge do sistema, confronta o que é estabelecido e acaba pensando em existir de uma maneira diferente.
Tá e o que seria existir hoje, já que não existe dúvida e pensamento? não sei, eu acabei de levar um susto ao ver que o fazer nada me incomoda. Tentando digerir a idéia que o mundo moderno me pegou, fico eu aqui pensando, existir realmente tem o mesmo significado pra todas as pessoas ou será que as pessoas simplesmente existem cada um a sua maneira. Nem todo mundo não quer pensar, nem todos não duvidam, assim como existem aqueles que nem pensaram que podem pensar e duvidar, então eles não existem?????
Talvez existir tenha hoje um significado diferente do que o Descartes concluiu, existir é estar, mas apenas estar não significa que a pessoa existe, complica né?
Existir tem muitas definições no dicionário, entre elas; viver. Então podemos dizer que existir além de viver significa permanecer, ser algo em algum momento. Se existir se define dessas maneiras, então aquele que pensa existe, o que não pensa também existe, basta estar vivo pra existir, talvez não basta existir pra viver. Mas e o que o ócio tem a ver com isso tudo?
Se hoje só vale alguma coisa quem produz e produzir acaba sendo existir eu tenho que discordar disso, porque pensando melhor no que é existir dá pra perceber que não é só quem produz que existe, o ocioso também existe, arrisco a dizer que o ocioso também produz, talvez ele nem seja ocioso, mas a gente fica condicionado a chama-lo assim pelo simples fato de a produção dele não gerar lucro.
Se existir e viver podem ser sinônimos, eu me arriscaria a dizer que o ocioso da modernidade vive muito mais do que os existentes, produtores e lucrativos seres que valem alguma coisa. Talvez eu tenha produzido muito mais nesses poucos minutos do que quando eu estou cheia de coisas pra fazer, me rendendo a vida moderna. Mas seria muita audácia minha querer pensar sobre isso né?
Penso, logo existo. Não existo apenas porque penso, não penso apenas porque existo, não vivo apenas existindo, eu valho alguma coisa apenas fazendo nada.
Tá e as quinquilharias??????
Essas letras ai são as quinquilharias, quinquilharias existenciais, algumas tu aproveita outras tu joga fora!