quinta-feira, 9 de junho de 2011

Anotações

Assisti um vídeo que me mobilizou bastante, muitas coisas ultimamente vem mexendo com um lado meu que eu tinha acomodado um pouco. O vídeo era uma conversa de alguns jovens com o escritor Eduardo Galeano.
Isso me fez voltar ao começo da faculdade, quando eu quase desisti do curso porque queria entender quando que a gente deixava o "pedestal do saber" pra poder encostar no sofrimento de forma que eu também me sentisse parte do mundo, não dona dele. Eu era inocente, mas mesmo assim consegui achar o meu lugar no meio disso tudo, encontrar pessoas com vontade de pensar sobre isso e pude amadurecer meu olhar em relação aos diversos fazer e saberes, não só psicológicos, mas também humanos. Minha humanidade foi transformada, continua sendo transformada, mas as vezes a gente cansa um pouco e precisa de algo que ajude a puxar o ar pra continuar tentando.
Resolvi anotar o que eu senti ao ver e depois refletindo sobre o vídeo talvez como uma forma de memória pra poder reler quando estiver perdendo o folego ou simplesmente porque eu não tive a oportunidade de conversar com ninguém sobre isso.
Como eu não tinha com quem conversar decidi falar com o próprio Galeano e dando uma lida em "A escola do mundo ao avesso" troquei algumas idéias com ele, vi que em 1998 o tal "mundo as avessas" já fazia sentido. "O mundo tal qual é, com a esquerda na direita, o umbigo nas costas e a cabeça nos pés." tá ai, esse é o mundo que nós temos hoje, aquele mundo de merda que ele fala no vídeo. Esse mundo de merda tá se espalhando e quando a gente anda perto da sujeira é quase impossível que ela não respingue na gente. Quando um pouquinho dessa merda toda chega em nós é preciso refletir sobre isso, para mudar alguma coisa dentro de um sistema é preciso conhecer o sistema e quando a gente chega perto descobre que as coisas são sujas mesmo. A questão maior é como lidar com isso, quando a gente escolhe sentir além de racionalizar as coisas ficam perigosas, pra nós!
Acho que acabei me atrapalhando um pouco, como dizem "peguei nojo!". Peguei mesmo, mas acabei me acomodando e não fazendo a minha parte como deveria. É complicado ser jovem que pensa politicamente em um país, em uma sociedade, que afirma que jovem que pensa em política é chato, que pregam por aí que a juventude que luta não existe mais porque isso não dá mais certo, que hoje temos uma democracia que não permite que a luta na rua faça sentido. Mas o Galeano deu uma boa resposta, não temos que pensar no que vai acontecer depois, temos que pensar no que estamos fazendo AGORA. Isso me pegou, mas me deu ânimo ao mesmo tempo, eu parei de fazer porque? (sim esse é o momento de olhar pro horizonte e fazer cara de sábio)
Acho que essas dúvidas que eu tenho fazem parte de um tentar ver com os meus olhos e isso é bom, pelo menos eu acho. Não é fácil querer mexer nessas coisas, é muito mais fácil escolher pensar pelo que me dizem que é melhor pensar, pode ser um erro eu afirmar isso, o que eu sei sobre o que passa na vida dos outros?
Mas é possível ver que isso existe, quando a gente vê pessoas mudando de opinião de forma tão rápida que tudo se explica quando passa no jornal que o partido de esquerda fez união com o de direita ou que rachou por brigas de vertentes, decepciona um pouco, devo ser ingenua ainda, assim como eu era no inicio da faculdade. Mas eu prefiro ser assim, questionar o meu próprio pensamento não me assusta e acho que me ajuda a crescer.
Acredito que as coisas podem ser diferentes e acho que a gente pode ajudar a mudar isso, cada um muda alguma coisa no mundo, dentro da sua alçada e acho que assim que é o processo de evolução da sociedade. Pode ser clichê, não me importo em repetir o que a gente ouve por aí a tanto tempo, quem sabe de tanto falar as pessoas comecem a agir?
Sejamos seres humanos completos, não apenas indivíduos(alguém que é um), mas pessoas(ser de relação).  Sei que não é fácil, olha pra mim aqui desabafando em forma de anotações, mas acredito que é possível. Ah, não vamos ficar mais lindos ou bonzinhos com isso, somos HUMANOS!

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