terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Quinquilharias argentinas

Dias de chuva as vezes são um problema, normalmente quando chove o tédio chega e eu nunca sei o que fazer. Então eu leio um pouco, fico um tempo me inutilizando na internet, vejo um pouco de TV e assim vai o dia inteiro. Mas existem coisas que fazem me perder no tempo, normalmente elas acontecem em dias de chuva, como hoje.
Resolvi separar alguns discos antigos, herança do meu meu avô, acabei me deparando com muitos discos de tango, de Gardel a Piazzolla, fiquei horas escutando. Eu não sei muito bem o porque de gostar tanto desse tipo de música, isso mexe um pouco com as emoções, é um tipo de música que entra na alma e dança lá dentro dando uma sensação de choro e paz. É, uma viagem, mas é isso que eu sinto, muitas coisas me fazem sentir isso, as vezes um texto bem escrito, um filme bem feito, uma peça de teatro e uma música bem executada, como essas, como o tango. E por incrível que pareça isso faz bem, lava a alma.
Penso um pouco na Argentina, ela tem essa diferença, o nosso samba é alegre, fala de dor mas com alegria. O tango argentino fala através da dor, o drama. Brasil e Argentina, tão parecidos e ao mesmo tempo tão diferentes, é impossível tentar comparar, porque não existe comparação. O bom mesmo é aproveitar as duas coisas, alegria triste do samba, o drama triste do tango.
Isso não é depressivo, pode ser um pouco profundo e isso pode causar um estranhamento, é difícil sermos profundos hoje, a praticidade e o não pensar tomam conta até das emoções. Mas a gente que escolhe quando, como e porque ser profundo, as vezes, quando o tango dança na alma eu fico um pouco assim e não é nem um pouco triste. Talvez se minhas referências fossem um pouco mais atuais, como Gotan Project por exemplo, não soaria assim tão dramático, mas é que de Gardel a Gotan Project, de Noel a Diogo Nogueira, triste alegre, dramático triste, do jeito que for, tango ou samba tocam fundo, encantam, fazem bem, pelo menos em dias de chuva, lavam a alma.

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